O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da República Jair Bolsonaro (PL)

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Até 14/09, Lula, do Partido dos Trabalhadores (PT), gastou R$ 3,5 milhões por 1.233 anúncios no Google: 80% destinado à publicidade em vídeos e 20% em texto. Os últimos aparecem entre os resultados das pesquisas feitas no Google, apresentando um URL, responsável por redirecionar para algum site, um título e uma descrição visíveis. Os gastos em São Paulo são os maiores: R$ 788 mil; em segundo lugar, Rio de Janeiro (R$ 315 mil); em terceiro, Minas Gerais (R$ 289 mil). 

Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), gastou R$ 1,9 milhões para 72 anúncios: 90% em vídeo e 10% em texto. Assim como o rival, investe mais em São Paulo: R$ 344 mil; em segundo lugar, Minas Gerais (R$ 143 mil); em terceiro, Rio de Janeiro (R$ 132 mil). O Sudeste segue, portanto, como a região do país que mais recebe investimento. É tão disputada porque concentra, ao mesmo tempo, o maior número de eleitores e o maior desenvolvimento socioeconômico. 

Análise discursiva 

Cabe realizar uma breve análise discursiva dos vídeos de Lula e Bolsonaro. No vídeo “Que Brasil você quer”, feito pela campanha petista, é destacado o antagonismo entre os dois candidatos mais bem colocados: enquanto no governo do PT a inflação era baixa e o acesso de jovens à universidade foi facilitado, no governo de Jair Bolsonaro, a fome, o desemprego e o armamento aumentaram. 

Na propaganda “Nem se compara”, a campanha de Lula compara as propostas do seu governo e o resultado da gestão de Bolsonaro. O vídeo mostra pessoas fazendo o sinal de arma (símbolo da campanha de Jair Bolsonaro em 2018) e reclamando da atual situação do país. Logo depois, fazem o sinal do L e divulgam propostas do petista, como o retorno do Minha Casa Minha Vida e o crescimento do salário mínimo acima da inflação. Por fim, a campanha apresenta a proposta “Desenrola Brasil” (Figura 1) que visa oferecer a chance de renegociar dívidas com juros muito baixos para limpar o nome no SPC e Serasa.

Em relação a Bolsonaro, no vídeo “Pelo Bem do Povo, o Capitão Jamais Cede!”, o discurso verbal põe o presidente em uma posição de vítima. Alvo de ataques cruéis da esquerda, resiste heroicamente apenas pelo povo brasileiro — implicitamente a retórica sugere que o “verdadeiro povo” é somente aquele que o apoia. As imagens, na primeira metade, expõem o candidato em momentos de vulnerabilidade. Em seguida, aparece entre multidões de apoiadores. A imagem funciona, portanto, para reforçar a palavra: Bolsonaro só se mantém em pé porque há uma massa responsável por segurá-lo.   

Em outra peça, “Você ainda confia?”, a campanha sugere contradições entre o ex-presidente Lula (PT) e o candidato a vice na chapa, Geraldo Alckmin. Em registro antigo da campanha de 2018, Alckmin afirma que Lula pretendia voltar ao país depois de ter “quebrado o Brasil” e associa o governo petista à corrupção e ao petrolão. “Se até o vice do Lula pensa assim, como é que eu vou confiar nele?”. Ao final aparece o slogan agressivo e alarmista “É Jair ou já era!”, um convite para as manifestações bolsonaristas no 7 de setembro (Figura 2).

Figura 1 – Campanha de Lula destaca projeto que facilita renegociação de dívidas

Figura 2 – Campanha de Bolsonaro utiliza slogan “É Jair ou já era!”

Metodologia

Os dados utilizados foram coletados a partir da Biblioteca de Anúncios da Meta, do Google e do CrowdTangle. A organização e a visualização dos dados foram feitas pela equipe do Observatório das Eleições da PUC-Rio. Por ser um documento sobretudo quantitativo, o que apenas se aproxima da realidade, exige uma análise qualitativa – capaz de maior aprofundamento. 


Expediente Observatório Puc-Rio das eleições 2022:

Alunos:
Luiza Ramalho dos Santos Xavier
Marina Kersting
Danilo Akel
Luis Felipe Azevedo
Sofia Oliveira Pinto de Abreu
Maria Eduarda Gomes Severiano
João Pedro Urbano

Coordenação:
Prof. Arthur Ituassu, Departamento de Comunicação (PUC-Rio)
Prof. Gustavo Robichez, Departamento de Comunicação (PUC-Rio)
Prof. Marcelo Alves, Departamento de Comunicação (PUC-Rio)